Truth’s a Dog Must to Kennel Tim Crouch

Não aqui mas noutro lugar.

Noutro lugar o país está a ser dilacerado.

Não neste lugar, reparem, mas naquele outro lugar a liderança perdeu o controlo, há gente a ser morta, alguém é cegado.

“Para Crouch, num mundo pós-pandemico onde os narcisistas e déspotas estão em controlo, é como se nós mesmos estivéssemos no centro turbulento do Rei Lear, em busca daqueles valores antiquados de decência e respeito. De alguma forma, presente em tudo isto, está a ideia do próprio teatro; a possibilidade de um grupo de pessoas se reunir apenas para ouvir, ter empatia, refletir, a partir de nada mais do que um homem e uns auscultadores para colocar ideias nas nossas cabeças.”

The Guardian

Mas não aqui, percebem, não neste teatro aqui. Não neste.

Aqui, está tudo ótimo. É tudo hilariante.

O Bobo abandona o Rei Lear antes do cegamento. Antes de começar a matança. Antes do intervalo.

Neste novo trabalho a solo, Tim Crouch envia o Bobo de volta ao futuro da peça que abandonou. De volta a um mundo sem liderança moral ou integridade; onde a riqueza esconde o vício; onde os pobres são desumanizados; onde as piadas não têm graça; onde a arte ao vivo se tornou o privilégio de uns poucos.

Truth’s a Dog Must to Kennel (frase que o Bobo diz no Lear de Shakespeare: “A verdade é um cão que tem de ir para o canil”) é uma peça de teatro desacomodada que alterna entre a comédia mordaz e um audacioso ato de imaginação coletiva. Rei Lear mais stand-up mais metaverso.

Tim Crouch regressa ao TBA depois de ter escrito o fim do mundo em Total Immediate Collective Imminent Terrestrial Salvation.