BAqUE BAqUE

“toda girafa dá à luz em pé /o primeiro contato do filhote com o mundo
acontece a partir de uma queda barulhenta /a mais de 2 metros de altura.
os filhotes de girafa já nascem sabendo andar, (…)
é a relação íntima com o baque que prepara o corpo pra vida.”

Fabrício Garcia

 

A PT – Plataforma Portuguesa de Artes Performativas, que O Espaço do Tempo organiza de dois em dois anos em Montemor-o-Novo, tem sido uma ferramenta indispensável para a internacionalização de artistas nacionais. Antes de partir para o Alentejo, a PT.23 começa no TBA com o regresso de BAqUE, um espetáculo que é um concerto e uma celebração.

Num ritual de afetos e fábulas, um coletivo de pessoas trans experimenta uma utopia em que todos os corpos são iguais e já não existe género, nem qualquer outro marcador que nos diferencie. Propomos (re)narrar o mundo e as relações que nos conectam com a existência: falar de tudo o que nos vibra na vida e de tudo o que nos faz parar de vibrar nela. BAqUE procura responder à pergunta: se o meu corpo não viesse antes de mim, eu falaria sobre quê?

Esta peça nasceu do desgaste frente às antigas narrativas acerca das corpas trans, sempre conectadas à dor e ao sofrimento. Enquanto artista, interesso-me por trazer novas narrativas acerca de outros modos possíveis de estar no mundo. Nessa busca, aproximei um elenco muito diverso nos seus talentos para evidenciar a potência e a disforia alegria das existências peculiares.

Gaya de Medeiros