Quando a Dança fala da Cidade de Aldara Bizarro

EVENTO TERMINADO

Dança

Peça de Aldara Bizarro construida em contexto de participação artística comunitaria.

Era a primeira vez que vinha a S. João da Madeira e esperava os participantes para começar o ensaio a olhar pela janela da Torre da Oliva. Pouco depois, aproxima-se o António que me diz, “Vê os telhados até lá ao fundo? Isto era tudo a fábrica da Oliva, vê aquele edifício, ali à direita? Era onde se faziam as máquinas de costura… isto à hora do almoço e à hora de saída da fábrica, eram tantos trabalhadores que mais pareciam formigas. E via-se no ar um pó castanho, de ferro, que era o que se trabalhava na fábrica, Se olhar bem para os passeios – amanhã faça isso – repara que ainda hoje se vê que são castanhos.” Afasto-me um pouco para olhar para as pessoas que vão entrando na sala e volto a aproximar-me da janela e lá está o António a contar “… a fábrica ocupa esta zona toda da cidade, vai desde a chapelaria – já foi ao museu? – até à Arrifana.”. E continua, este diálogo por diante, sem parar, em que eu pouco dizia, à excepção de alguns hum hums, que punha por vezes nas pausas da sua respiração.

Pouco mais tarde, movidos pela curiosidade, vão se juntando outros participantes que comentam o que estamos a observar, e por magia, o perímetro da nossa observação alarga-se para outras zonas da cidade. ”Eu não vejo isto, mas vejo o casarão onde brincava quando era pequena que agora está abandonado”, diz a Neiva, “Eu vejo, a praia, e vejo pessoas a conversar, onde antes via crianças a brincar”, diz a Mariana, “Eu vejo a estrada e o barulho dos carros a passar e vejo que acordo todos os dias às 6 da manhã.”, diz a Safira, E diz outra vez o António: “ a propósito de carros, agora não se vê daqui, mas ali atrás era a Estrada Nacional nº 1, onde estavam sempre carros a passar”, e é nesse momento que percebo que a peça que vamos criar juntos vai falar da cidade. Quando a dança fala da cidade, é um projecto de dança participativa, para várias idades, cujos intérpretes procuram reinventar com o corpo a cidade onde vivem. Entre o passado e o presente, entre recuos e avanços, tecem uma paisagem em movimento que projecta desejos e realidade.”

Quando

Reconhecimento do palco 45 minutos antes do início do espectáculo.

Onde

São João da Madeira

Oliva Creative Factory

Telefone 962 145 716

Email casadacriatividade@cm-sjm.pt

Para Quem

Deficiência visual

Adultos, Jovens (13-17), Seniores

Serviços

Audiodescrição

Materiais em Braille