Weathering Faye Driscoll

Faye Driscoll estreia-se em Lisboa com a sua nova peça Weathering, uma escultura carnal e multissensorial feita de corpos, sons, aromas, líquidos e objetos. Dez pessoas compõem um quadro vivo que se transforma a um ritmo glacial, em cima de um palco móvel como uma jangada que irrompe pelo Antropoceno. As suas vozes geram uma partitura em crescendo que ressoa enquanto desenfreadamente se agarram e separam, num espaço transbordante que é demasiado pequeno para as conter. O público cerca os performers, suficientemente perto para cheirar o suor e sentir o vapor das cenas que ao centro vão espiralando. Esta é uma coreografia viva e sinfónica de microeventos que respira e pinga, num ímpeto vindo de um lugar um pouco para lá do percetível. Driscoll e a sua equipa perguntam: Como é que sentimos o impacto de acontecimentos que nos atravessam e que são tão maiores, mas que nos animam e ativam os corpos o tempo todo? Como é que nos aproximamos do impacto? Podemos abrandar o suficiente para sentir o pó, a dor, o uivo, a ausência, o derrame, a pluma?